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Pensando Em Relacionamento…

Sabiamente Sartre afirma que “somos o resultado de nossas escolhas”.  Ou seja, nossas escolhas nos constituem.  Estão, seja lá o que vamos escolher, se nos amamos, é preciso que nossas escolhas nos façam bem, contribuam para nossa felicidade, nos tornem melhores, nos convidem para ir além do que somos e que nos auxiliem a superar nossos desafios existenciais, constituindo um presente melhor e um futuro repleto de significado.

Escolha quem sabe estar só consigo mesmo. Só quem é boa companhia para si mesmo, sabe ser boa companhia para outro.

Escolha quem se sente responsável pela própria felicidade. Só quem toma para si a responsabilidade pela própria felicidade, saberá acolher sua existência como presente, dádiva, descoberta e não lhe cobrará que o satisfaça em detrimento de suas próprias vontades, desejos e necessidades.
Escolha quem sabe  rir de si mesmo. O excesso de gravidade deprime, deixa a vida nublada, impede de nos sentirmos agentes de nosso próprio destino. Quem vê a vida com bom humor e sabe lidar com suas próprias limitações e impossibilidades, terá flexibilidade para lidar, com igual maestria, com as diferenças e singularidades de outro, que de igual modo, é humano e enfrenta seus próprios desafios.

Escolha quem sabe expressar-se de modo recíproco. Doar-se indefinidamente sem retorno, é como estar num vale perdido, ouvindo apenas os ecos da própria voz. Os gestos de carinho e generosidade, embora gratuitos, necessitam de acolhimento e retorno, para que se alimentem de ternura e de força e se renovem cada dia.

Escolha quem sabe ouvir. Só uma escuta atenta possibilita a compreensão sublime para além das palavras – nossos silêncios também precisam ser ouvidos. Quem ouve para além das palavras, os silêncios, pode nos abraçar, sem contra argumentações e cobranças de explicações, porque entende que há tempo que nenhuma palavra nos diz o suficiente, e, então nos basta o gesto e a presença – “seja como for, estou aqui”.

Escolha quem sabe conversar. Dizer-se, em suas coerências e incoerências, compreensões e incompreensões, é essencial para construir pontes para além de si mesmo. Ensimesmar-se é um gesto de isolamento e exclusão. Embora estar consigo mesmo a sós e em silêncio seja um tesouro a ser respeitado, há o tempo da solidão e o tempo de encontro. É bom ter em boa medida ambas as coisas.

Escolha quem sabe respeitar-se. Quem sabe o valor do respeito a si mesmo, sabe que de igual modo é necessário o respeito ao outro e terá isso como um princípio fundamental de conduta.

Escolha quem sabe ser leal a seu próprio coração e tem a coragem de fazê-lo. A lealdade ao outro só é possível para quem ousa assumir com autenticidade àquilo que lhe mobiliza e lhe move.

Escolha quem tem sonhos e trabalha por constituí-los com esforço e determinação. Não acertamos sempre nem somos bem sucedidos em todos os nossos empreendimentos, todo o tempo. No entanto, reconstruirmo-nos sempre que necessário e agirmos em busca de superações é essencial para nos mantermos ativos, vivos, e para enfrentarmos as intempéries que são próprias à existência. Seria ilusório pensar ao contrario. A vida é feita de desafios. É bom saber enfrentá-los.

Escolha uma pessoa bela, segundo as referências de seu coração. Um olhar aconchegante, um sorriso terno, um modo de ser especial, que lhe toque o espírito, independe de qualquer padrão ou critério alheio ao que lhe encante a alma.

Escolha alguém que tenha tesão de viver e seja capaz de experimentar prazer. Não há satisfação de corpo e alma que sobreviva a frieza, a indiferença, a falta de força vital, erotismo e reciprocidade. É preciso gostar de contato humano, de abraço, de troca, de descobrir paisagens, de saborear a vida com paixão.

Pessoas bem elaboradas se elaboram em processo. Pessoas bem sucedidas não são as que têm dinheiro, status, reconhecimento e poder, mas as que com simplicidade e sabedoria, buscam viver cada dia, constituindo-se o melhor que possam ser, enfrentando suas limitações e desafios com dignidade. Escolha alguém para quem isso seja importante.

Não existe ideal ou perfeição. Somos humanos e somos passíveis as intempéries de nossa humanidade. Não existe alguém pronto, acabado… somos seres em construção. Escolha alguém que entenda isso e, com todas as suas próprias idiossincrasias, limitações e impossibilidades, esteja disposto a relacionar-se – a dar e receber amor.

Tente, é preciso tentar, ou não se sai do lugar. Ouse buscar, mas saiba viver consigo mesmo. Mas vale estar a sós, com a própria e boa companhia, do que acompanhado por alguém que não tem afinidade com os princípios que mobilizam seu coração.  Se isso ocorrer, desista. Há mérito em desistir. Não amenize, não releve, não justifique. Quando não é, não é. Abra espaço em sua vida para que encontre o que procura. Às vezes, mesmo considerando tanta gente disponível, é sábio escolher estar só, por lealdade à própria alma.

Cada um tem seus critérios. Sugeri a partir dos meus. Quais são os seus? Cada escolha, um destino.

Mas, vale pensar: você se escolheria?

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