Primeiros Erros

Se um dia eu pudesse ver Meu passado inteiro
E fizesse parar de chover
Nos primeiros erros…”.

Tem músicas que a gente sabe cantar inteiras porque em algum momento marcaram nossa história. Canto várias do Capital Inicial. Recordando-me de uma pessoa amiga, a quem quero muito bem, e me peguei cantando Primeiros Erros. Eu me recordei de sua pergunta sobre porque, muitas vezes, não podemos “parar de chover nos primeiros erros” e a eles se sucedem vários outros. Ela falava sobre isso com um tom de culpabilização.

Creio que a coisa é muito mais complexa do que pode parecer a princípio. Nossas motivações interiores nos determinam muitas vezes de modo quase incompreensível.

Ouvi um diálogo muito interessante essa última semana:
“- Eu gostaria de ter alguns esclarecimentos, é possível?
– Não sei, confesso que eu tenho é muitos obscurecimentos, que também não consigo esclarecer.”

Achei engraçado e interessante à contraposição de obscurecimentos a esclarecimentos. Creio que, exatamente, porque é isso que nos acontece. Temos muitos obscurecimentos a esclarecer e alguns que nunca o serão e farão parte de nossos imponderáveis – não entenderemos jamais porque agimos como agimos, apesar de nossa aparente lucidez.
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Comunicação – A Arte de Bem-Dizer

Seja como for o que penses, creio que é melhor dizê-lo com boas palavras.
Willian Shakespeare

As palavras têm a leveza do vento e a força da tempestade.
Victor Hugo

A palavra bendito tem os seguintes significados: que faz o bem; generoso, bom, benfazejo. A palavra bendizer: trazer felicidade, sorte, proteção. Gosto de brincar com os significados das palavras, portanto, quero escrever sobre a arte de bem dizer.

Creio que algumas afirmações referencias podem nos auxiliar em nossa comunicação e, consequentemente, na forma como estabelecemos relações, nos auxiliando a cultivar comunicações bem-ditas – claras, sinceras, autenticas, apoiadoras e sustentadoras.

Uma questão que sempre problematizo é que o óbvio não existe. Cada um de nós tem, em sua interioridade, seu universo de sentido, seu mapa mental, suas lentes e sua forma de ver e interpretar a existência. De modo geral, se tem por certo que aquilo que vemos, entendemos e interpretamos é, e sendo assim, o outro deveria ver e entender da mesma maneira. Mas, isso não se dá dessa forma. O outro, absolutamente outro, vê, percebe e interpreta a partir de suas próprias possibilidades e, de modo geral, os elementos que subjazem a suas possibilidades são totalmente diversos dos meus. Tendo essas considerações em conta, afirmo que para nos relacionarmos precisamos atentar, de modo especial, para nossa forma de comunicação. Aquilo que não é bem-dito, pode ocasionar muitos ruídos de comunicação, distanciamentos e equívocos, ao invés de aproximações.
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Coragem Para Mudar

“O maior medo do navegador é o de não partir…”
(Amyr Klink).

 

Estou fazendo reedição de meus próprios textos. Há momentos que quando os releio, já não concordo comigo, em outras ocasiões, a partir de novas experiências, sinto a necessidade de ampliar as perspectivas. Isso aconteceu com o texto sobre esse tema: Coragem para Mudar. O novo texto segue abaixo:

De modo geral é comum defendermos a importância da persistência. Os vencedores, que persistem na busca de seus objetivos e os alcançam, são identificados por sua coragem. Correr atrás dos sonhos, em geral, é o que torna pessoas comuns, grandes realizadores. Mas, importa pontuar que cada fase da vida tem suas especiais realizações. Elas se transformam com o tempo.

Mas, para além da persistência, existem outros fatores determinantes para o sucesso e, um deles, é ter coragem para mudar – desistir de um rumo, de um modo de ser, de uma forma de existir, de um modo de vida, de relacionamentos ou situações – porquê percebemos que em dado momento nosso foco deve ser outro. Por mais que pareça contraditório, saber a hora de dar meia-volta, desistir, ou mudar o rumo das coisas, também é fundamental.

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Permita-se!

Quero usar uma metáfora para ajudar a pensar a construção de um texto,  livre expressão de seus sentimentos:
Faça amor com sua alma – escreva com paixão.

Escrever pode ser uma expressão sem condicionamentos, sem releituras e correções, uma expressão primal, instintiva, de criatividade. Você não pensa para escrever, você pensa escrevendo… criando, permitindo-se gestar a palavra no movimento, no convite de uma palavra a uma outra, na exata cadência de sua alma. Deixa fluir. Escrever é fruição de sua interioridade, como se acariciasse os sentidos e significados de suas percepções.

Em situações usais, há o texto que falamos, o que escrevemos o que expressamos e o texto que o subjaz, silenciado, que repassamos interiormente, fazendo algumas censuras. Todo o dito contém o não dito. Em geral, falamos o politicamente correto, enquanto nossa alma borbulha de outras impressões e interlocuções, as quais  só nos sabemos. Estamos presentes na cena, mas somos mais que ela. Preste atenção em seu cotidiano. Quantas percepções e sentimentos ocorrem para além do que você manifesta?
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O Novo de Nós – Para Onde Ir?

“A verdadeira viagem de descoberta não consiste em buscar novas paisagens, mas em ter novos olhos”
(Marcel Proust)

Cada homem tem em si um continente de caráter a ser descoberto.
Feliz aquele que age como Colombo de sua própria alma.
(J. Stephen)

Escrevo sobre as coisas que ocupam minha mente e sobre as quais eu mesma estou refletindo. Em texto anterior fiz a seguinte afirmação: “Uma das coisas que nos trava a mudança é o receio de como nos constituiremos como pessoa, sem as coisas que ocuparam tanto nosso tempo, até então. Às vezes, estamos tão identificados com dadas situações e elas delineiam de tal modo nossa identidade, que parece que não conseguiremos nos reconhecer se abrirmos mão das mesmas”. Afirmei que esse receio é resultado de orbitar em ilusão, pois somos muito mais do que fazemos, das relações que temos, das coisas que adquirimos… enfim, nada disso nos define. Creio que, de fato, esse é um tema que merece uma cuidadosa reflexão: A nossa identidade como pessoa, para além de todos os papeis que representamos, as coisas que possuímos, as relações que entabulamos. O que é essencial no que queremos nos constituir neste tempo?

Pensando sobre a constituição desse “novo de nós”, me recordei dos dois pensamentos que menciono acima: “A verdadeira viagem de descoberta não consiste em buscar novas paisagens, mas em ter novos olhos” (Marcel Proust) e “Cada homem tem em si um continente de caráter a ser descoberto. Feliz aquele que age como Colombo de sua própria alma”. (J. Stephen)
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Pensando Em Relacionamento…

Sabiamente Sartre afirma que “somos o resultado de nossas escolhas”.  Ou seja, nossas escolhas nos constituem.  Estão, seja lá o que vamos escolher, se nos amamos, é preciso que nossas escolhas nos façam bem, contribuam para nossa felicidade, nos tornem melhores, nos convidem para ir além do que somos e que nos auxiliem a superar nossos desafios existenciais, constituindo um presente melhor e um futuro repleto de significado.

Escolha quem sabe estar só consigo mesmo. Só quem é boa companhia para si mesmo, sabe ser boa companhia para outro.

Escolha quem se sente responsável pela própria felicidade. Só quem toma para si a responsabilidade pela própria felicidade, saberá acolher sua existência como presente, dádiva, descoberta e não lhe cobrará que o satisfaça em detrimento de suas próprias vontades, desejos e necessidades.
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SOBRE VIVER

A arte de viver é simplesmente a arte de conviver… simplesmente, disse eu?
Mas como é difícil!

Mario Quintana


(…) Somente alguém que está preparado para TUDO, que não exclui NADA, nem o mais enigmático, vivenciará a relação com o outro como algo vivo.

Rainer Maria Rilke

Durante alguns anos lecionei Filosofia, uma disciplina pela qual tenho paixão. Gosto de reorganizar os espaços da sala de aula, lhes dando formatos adequados as interações que considero mais próprias ao tema que será trabalhado. Então, não uso necessariamente o quadro. Recordo-me de uma aula, com um grupo de alunos de graduação, em que trabalhava sobre o Filósofo Jean Paul Sartre e projetava algumas ideias em uma parede da sala, destacando aspectos de seu pensamento, quando resolvi comentar, de modo especial, uma de suas frases: “O inferno são os outros” (in. Entre Quatro Paredes. O Ser e o Nada). Devaneei interiormente com tanta mobilização sobre o significado da mesma, enquanto a mencionava, que peguei a caneta própria para quadro e escrevi a celebre frase junto a projeção, rapidamente e grifado, para espanto de meus alunos que exclamaram: “professora, você escreveu na parede”! Recordo-me plenamente da cena e continuo rindo do ocorrido. Foi empolgação. É que o tema rende assunto!
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