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Eu Sofro de Urgências

Eu sofro de urgências
É urgente a palavra que ainda pode ser dita…
O encontro, o abraço
O último tempo…
A despedida que não se basta
E a sensação que ainda não era hora.

É urgente viver a paisagem azul e o calor do sol,
A respiração, aquela sensação de vida que pulsa no peito,
A beleza intensa e inapreensível
que nenhuma imagem capturada pode reter.

É urgente que seja agora, a hora do que ainda se quer viver.
Em meu peito há uma inquietude infinita

Um desassossego…
Um protesto intenso contra a passagem do tempo…

e a decrepitude da vida…
que impacta, incomoda, agride e grita sua vulnerabilidade…
Ah…. se todos os desejos, conhecimentos, experiências, aprendizagens,
sabores, odores, paisagens, sensações…
coubessem num único agora…
Em um único agora  intenso e apaixonado.
Eu queria dez vidas para viver.
Dez mil agoras para ser.

Creiam… minha lucidez é um delírio…
Posso partir a qualquer tempo numa missão não planejada…
Movida por puro ímpeto de descabidas justificações…
Eu vou porque vou… quero porque quero…
Faço porque faço, decido porque decido…
Por pura liberdade de alma, por necessidade existencial
Por precisar significar até o último minuto, a última sensação, o último tempo,
A minha paixão por existir.

Eu sofro de urgências.

 

Christina Rocha

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