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PROXIMIDADE

Existe um desejo que nos move a aproximação… À vontade de estar por perto de outra pessoa, talvez em silêncio, fazendo coisas usuais… lendo, vendo TV, escrevendo, ouvindo música, indo ao cinema, sentada num banco, numa praça, caminhando, tomando chimarrão ou simplesmente à toa… preguiçosamente deitada no sofá.

A presença de um Outro é um convite. Mesmo um breve gesto, olhar ou toque, evidencia que existe algo além do que eu mesma sou… Na verdade, me dou conta do que sou, a partir de um Outro que é diferente… que existe de forma diversa.

Ter um Outro (alguém de quem gosto… e quero bem) por perto, me convida a renovação. porque nunca somos tão intensamente modificados quanto o somos quando estamos convivendo com alguém. O Outro pode ser um amigo ou um amor… mas se o escolhi para ser a presença que quero ter mais vezes perto, é alguém que me acrescenta. Faz-me ser maior do que sou sozinha.  Nossa solidão é mais bela, quando compartilhada com afeição e carinho.

Há muitas razões para se ter alguém que a gente gosta por perto.

-É bom ver outra imagem que não nossa própria. Não existimos sozinhos… existimos em relação.

-É bom quando encontramos um olhar terno. Um olhar doce, que nos acolhe com ternura, nos traz desejos de eternidade. Como é bom nos perdemos no universo de um olhar, que por segundos, nos envolve por inteiro.

-É uma delícia sorrir. Nos faz bem gargalhar. Como é bom achar graça de algo, acompanhados. Rimos muito pouco quando estamos sós.

-Um abraço e um aconchego fazem bem para o corpo e para a alma. Perder-se num abraço é achar o caminho de casa. Da nossa casa interior. A gente ganha um abraço… fecha os olhos… e se sente momentaneamente abrigado, protegido. Mesmo que haja tensões “lá fora”,  um abraço nos faz lembrar que temos com quem contar.

-É bom quando podemos falar alto… sabendo que tem alguém que de fato nos ouve. É bom ouvir… Ouvir nos convida a perceber coisas que nos passaram desapercebidas.

– Dar carinho é um exercício de descoberta… Quando acariciamos um Outro, com nossas palavras, olhar ou/e nossos gestos, descobrimos mais do que nós mesmos somos…

-Quando queremos estar com um Outro, demonstramos a essa pessoa que ela é especial em nossa vida… que nos faz bem. Se não nos aproximamos, nos perdemos… Nos perdemos de nós mesmos e do alguém (ou dos “alguéns”) que nos são relevantes.

Uma amizade ou um amor só sobrevive se construímos com constância, a presença. Se não nos tornamos presentes…, por um tempo seremos saudade… e logo seremos esquecimento, porque o amor e a amizade são coisas belas.  As coisas belas são frágeis… etéreas. Se  vimos apenas uma vez o pôr do sol, depois do passar de algumas tardes não mais conseguiremos nos lembrar de todas as suas cores, sentiremos saudade do sentimento que nos fazia ter… Por fim, virá o esquecimento.

A vida é feita de encontros… Quando saímos de nossa própria interioridade e nos dispomos ao encontro, descobrimos que na vida existem outras cores, além daquelas que nós mesmos estamos a ver, outras formas, além das que percebemos, outras possibilidades, para além de nossas impossibilidades.

Existe um prazer que mora os espaços do estar a sós… Existe um prazer que habita os espaços da presença. É preciso que possamos ter a “dose certa” de cada coisa…

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