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Riscos

Talvez um dos nossos maiores desafios seja decidir que rumos dar à nossa própria vida. Seria fácil se fossemos algo — um ser que em processo de evolução e amadurecimento — que chegasse a um ponto exato de adultice com um amadurecimento que possibilitasse saber exatamente como conduzir todas as coisas com sabedoria.

Obviamente facilitaria muito se houvesse opções duais — certo ou errado, verdadeiro ou falso, bom ou mal — e que no ápice dessa referida adultice tivéssemos clareza quanto as consequências de nossas escolhas e das referências que deveríamos tomar por base para fazê-las.

Nesse ponto as pessoas dogmáticas levam uma tremenda vantagem. Elas acreditam em afirmações definitivas, em verdades inquestionáveis as quais tomam por base para referenciar suas escolhas. Como se a vida tivesse placas indicativas em caminhos pré-traçados e então bastasse respeitar as placas e seguir o percurso escolhido, para chegar a um fim desejado.

Romper com uma posição dogmática implica em uma hermenêutica, em uma interpretação diferenciada sobre a essência de nosso processo de existir. Entender-nos como ser em devir — ser que em constante processo de vir-a-ser, de constituir-se — torna tudo muito mais complexo. Nada está previamente dado, não há caminhos constituídos, as perspectivas duais inexistem, elas são múltiplas, e por fim, há inúmeras possibilidades de existirmos que só se concretizarão como arte de nossas próprias mãos. Somos artífices de nosso destino. Até a não ação é uma decisão. É um constituir de caminhos.

Christina Rocha

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